Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.
Uma localidade do Velho Oeste norte-americanto. Uma mulher
cercada de aparatos tecnológicos avançados. O que têm em comum? Esse é o
mistério inicial de Westworld.
A narrativa é feita em off por uma mulher que é questionada,
interrogada por alguém. Essa mulher é um dos alicerces da trama. Atenção à
participação dela.
Cuidado! Spoilers em profusão a partir de AGORA.
Westworld é um parque de diversões. Sim, um parque onde
ciborgues (esse é o termo mais próximo daquilo que são, já que não há um
organismo vivo anexado à máquina, mas uma máquina moldada pelo homem para
imitar à perfeição um ser humano) dão aos visitantes a ilusão de estarem de
volta ao Velho Oeste. Uma terra sem lei, governada por mãos de aço (como diria
o Pica-Pau). A diversão consiste, basicamente, em desfrutar de uma era extinta.
Ser um cowboy, um rancheiro, uma madame, uma prostituta, um ladrão... são
muitas as possibilidades por trás desse universo recriado.
A reconstrução desse mundo passado é dispendiosa, cara e
moralmente discutível. Homens e mulheres pagam para ter seu dia nesse mundo.
Uma vez lá, são intocáveis para os habitantes costumeiros e podem,
literalmente, fazer o que lhes aprouver. Desde um simples contato, uma conversa
ou até mesmo estupro e assassinato. Não há limites morais para os “visitantes”
de Westworld.
As máquinas interagem e se adaptam aos visitantes. Eles não
têm consciência de sua real condição, fato que promove uma maior imersão aos
visitantes. A diferenciação entre um humano e um “anfitrião” é praticamente impossível.
O que é ético ou não fica em suspensão todo o tempo. Ver
máquinas com aspecto 100% humano é algo impactante. Como tratar alguém que é,
aos olhos, tão humano quanto nós? O grau de interação entre homens e seres com
inteligência artificial é uma opção que pode ser controlada. O que não pode ser
previsto é o grau de adaptabilidade das máquinas, os limites da inteligência
artificial, sua capacidade de armazenar experiências e, principalmente, os
freios morais (ou a inexistência deles) das pessoas.
Nesse primeiro episódio é preciso destacar a presença de
Anthony Hopkins, interpretando o Dr. Ford (talvez uma homenagem ao gênio
industrial Henry Ford), o responsável pela criação dos ciborgues. Ele vive em
um mundo tão isolado quanto as criaturas com IA. Há, aparentemente, uma
dependência dele para com as máquinas. Isso deverá ser mais explorado nos
episódios seguintes.
Nota: assistir Westworld e não lembrar de Blade Runner e os
replicantes é quase impossível. Desde o primeiro segundo da narrativa é
possível sentir o cheiro adocicado da tragédia. Aliás, a abertura já anuncia que nada é tão perfeito. Vejam abaixo:
O que se segue não difere, como disse acima, da trama de
Blade Runner. Os anfitriões – ciborgues com maior poder de interação – passam a
apresentar pequenos problemas. Até onde esses erros podem ir é algo que não
fica explícito. Mas o potencial destrutivo disso fica pairando na atmosfera.
Um ponto desprezado pelos idealizadores do projeto está em
um ser humano (?): Ed Harris. Ele interage diariamente como um vilão, um
bandido. Seu prazer está em praticar o mal contra os ciborgues. Ele quer se aprofundar no “jogo” e isso é uma
variante com a qual os criadores de Westworld não contavam. O personagem de
Harris é frequentador do “parque” Westworld há trinta anos.
O dilema moral de Westworld é sobre a velha mania do homem de
brincar de ser Deus. Dolores é uma das personagens que mais sofre com as
brincadeiras nesse universo criado. Ela sofre por amor, por medo, violência e
pela constante perda de tudo que ama. Essas perdas vão, ao longo dos tempos,
marcando o inconsciente dela. Mesmo sendo uma criatura feita pela inteligência
do homem, hipoteticamente insensível aos males que passa, ela sofre.
Tal como vimos e lemos em Frankenstein, a criatura não está
e nunca estará sob o total controle do criador. Essa é uma regra que os homens
deveriam ter aprendido há muito tempo, porém fazem questão de esquecê-la.
Não há programação perfeita. Com tempo e esforço, as
barreiras e códigos podem ser quebrados ou alterados. Essa é uma verdade com a
qual nós, humanos dessa era, convivemos e aprendemos a lidar. Essa controvérsia
também é bem explorada no primeiro Matrix e em alguns episódios de Animatrix.
Máquinas com comportamento e sentimentos humanos são controláveis até que
ponto?
Nota: prestem atenção à reação dos anfitriões quando moscas
pousam neles. Essa é uma dica bem legal para entender um pouco da amplitude da
inteligência artificial e sua adaptação aos fatos novos...
P.S.: A presença de Rodrigo Santoro ficou muito boa. Ele é
um dos vilões da trama (Hector Escaton), porém, se raciocinarmos um pouco,
todos os seres criados só são bons ou maus conforme assim lhe determinam.
Então, o que dizer da maldade humana cujo alcance está limitado pela moral
existente na pessoa?
P.S.2: Westworld é baseado na obra homônima de Michael Crichton
– com o subtítulo “onde ninguém tem alma”, escrita e dirigida por ele em 1973.
O filme é estrelado por Yul Brynner, ator consagrado no gênero de Faroeste. A
trama, apesar de ser mais resumida, mostra pessoas interagindo com máquinas que
simulam ambientes e situações históricos. Além do Velho Oeste, há também Roma e
a Idade Média. A trama original dá indícios do caos que nos aguarda na série.
P.S.3: A equipe que gerencia, cria e programa tudo para as
encenações de Westworld também é afetada pela presença dos humanos por eles
construídos. É impossível se manter apático diante de seres tão perfeitos. O
Dr. Ford e Bernard, um dos principais responsáveis pela manutenção do projeto,
são discretamente ‘modificados’ pela interação direta e indireta com os
ciborgues. Isso, certamente, ainda dará muito pano para a manga. Um fato
interessante está no jogo disputado entre os integrantes da equipe; um jogo por
poder.
Nota final: a HBO mostra coragem e adequação ao apresentar o
processo de construção e descarte dos humanos cibernéticos. As cenas de nudez
são adequadas ao contexto e evidenciam, sobretudo, a escolha correta do elenco.
Não é fácil encenar ser uma máquina sem sentimentos... ou uma que está
começando a tê-los.
Elenco da produção da HBO:
Anthony
Hopkins, Ed Harris, Evan Rachel Wood, James Marsden, Thandie Newton, Jeffrey
Wright, Jimmi Simpson, Rodrigo Santoro, Shanno Woodward, Ingrid Bolsø Berdal, Ben Barnes, Angela Sarafyan, Clifton Collins Jr.
Direção:
Jonathan Nolan.
Gostei muito dessa série, espero que tenha uma próxima temporada
ResponderExcluirGostei muito dessa série, espero que tenha uma próxima temporada
ResponderExcluirWestworld é incrível! Eu realmente gosto das series de HBO. Uma das minhas favoritas é Sr. Ávila, e devo dizer que uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. Acho que é uma das melhores series. Pessoalmente espero ansiosamente o próximo capítulo, o último me deixou super intrigada! É muito emocionante! Acho que as atuações foram muito boas, essa é uma das minhas series preferidas.
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