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Denúncia: as armadilhas do Bilhete Único no Rio de Janeiro.

Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.

Estive em São Paulo por vários anos. Lá, tive o prazer de usufruir do direito ao Bilhete Único (BU), uma inovação baseada em estudos de sistemas de transportes de outros países que, felizmente, deu muito certo. Por muito tempo questionei os motivos que impediam que o Rio de Janeiro adotasse uma modalidade similar para beneficiar o usuário dos transportes públicos cariocas.
Mas o questionamento finalizou em 2010 quando, finalmente, o governo carioca em acordo com as empresas de ônibus e demais transportes oficializou a implementação do Bilhete Único Carioca. 
Verdade seja dita: o uso do BU é extremamente vantajoso para o cidadão que ganha a comodidade de não precisar andar com somas em dinheiro e, ainda por cima, economiza bastante. 
Entretanto, de uns tempos para cá, a situação tem mudado de forma muito disfarçada. O que começou como uma solução está, vagarosamente, virando um problema. Entendo que estamos passando por um período onde os recursos despendidos pelo governo são enormes. Há muitos problemas que afetam as economias do estado e município, porém os interesses de empresas e políticos não podem sobrepor os do cidadão comum. 
A realidade para o cidadão usuário do BU no Rio de Janeiro está muito complexa. Poucas unidades de recarga, terminais de recarga desativados ou quebrados, filas enormes, poucos ou nenhum funcionário para auxiliar os usuários nas estações de recarga, péssima divulgação dos locais onde é possível reabastecer o cartão, falhas no sistema onde o benefício não é computado e o passageiro paga os dois valores integrais, recargas que inseridas no bilhete com atraso e o consequente prejuízo do usuário.
Recentemente enviei pelo twitter uma mensagem informando que todos os terminais da Tijuca (no caso praça Saenz Peña) estavam inoperantes, marcando inclusive o twitter do BU carioca. Nada foi feito. 
Outro problema crônico (há meses) é o horário em que os terminais de recarga (incluindo postos em bancas de jornais e outros) passam a funcionar. Em um desses postos, na rua Pareto, a recarga só inicia às 9h30 e finaliza entre 13h30 e 14 horas. Bem, se você é um dos beneficiários do cartão e quer recarregar, quase que invariavelmente os horários que tentará fazer isso serão entre 5 e 7 horas da manhã ou após o expediente (17 horas). Mas isso não é possível com as limitações que o "sistema" impõe ao cliente.
Outro fator que preocupa é a complexidade do site. Atalhos confusos, informações que só podem ser acessadas com a ajuda de uma operadora por telefone... são muitos os problemas do site do BU, entre os quais o pior de todos é a pouca praticidade dos links que só serão acessados sem problemas por usuários com mais prática na web. Aos mais idosos ou pessoas com dificuldades no uso da internet, certamente haverá problemas. Isso é algo impraticável em tempos de acesso rápido e fácil.
Não tenho provas para acusar, porém é muito estranho que tamanha gama de problemas levem o cidadão a pagar em dinheiro sua passagem, já que a opção BU é inviável em incontáveis momentos. Quem ganha com o pagamento de passagens em dinheiro? As empresas de transporte. E, questiono, o que me dá garantias de que não há uma máfia para dificultar o uso do Bilhete Único? Com tantos problemas, isso é bem suspeito.
Um fato que precisa ser citado é a eficiência em soluções por intermédio do Reclame Aqui, onde o nível de aceitação é grande. Logo, caso tenha qualquer problema parecido, entre em contato com o site do Reclame e faça sua denúncia. Só por telefone as soluções são morosas e nem sempre satisfatórias.

Enquanto isso, em São Paulo: Por meio do cadastramento será criado um vínculo seguro para que o titular do cartão possa ter acesso a vários serviços e informações relativos ao seu Bilhete. Em breve, os usuários que possuem o Novo Bilhete Único poderão: solicitar o cancelamento de seus cartões pela página do Bilhete Único, por meio de seu RG,CPF e senha ou e-mail e senha; consultar o saldo e os históricos de utilização e recarga de seus cartões; além disso, se carregados com créditos em dinheiro do tipo Comum o proprietário do cartão ainda pode utilizar as vantagens do Bilhete Amigão (desde que a última recarga tenha sido de valor igual ou superior a 4 tarifas); e pode validar o cartão na catraca, por até duas vezes, se o mesmo estiver sem saldo, pagando a tarifa ao cobrador, e usufruir as integrações gratuitas do mesmo jeito que usa o Bilhete Único do modelo antigo cadastrado. 
Somemos a isso o fato de que é possível recarregar os BU em quaisquer lotéricas.
Eis as facilidades em termos de deslocamento e números de ônibus (ou integração) que o passageiro paulistano pode usufruir:

Então, será que um dia chegaremos a um nível decente de benefícios por intermédio do Bilhete Único no Rio de Janeiro?

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