Pular para o conteúdo principal

Resenha da Graphic novel "Ms. Marvel: nada normal".


Por: Filipe Gomes Sena. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.

        O ano era 2014. Foi a última vez em que um material meu foi publicado nessas páginas internéticas. Nesse meio tempo muita coisa mudou, mas uma das que não mudaram foi o carinho que eu tenho pelo Apogeu e pelo meu querido patrocinador Franz Lima. E foi justamente conversando com Franz sobre minhas participações no Apogeu que a vontade de publicar aqui retornou com tudo. Mas a pergunta que não queria calar era “sobre o que eu vou escrever?”. A resposta veio essa semana, quando eu li uma HQ tão boa que me tirou dessa inércia que já durava anos. Então eu, Filipe Gomes Sena, Colaborador Master do Apogeu (segundo o próprio dono do site), retornei pra falar sobre a sensacional Ms. Marvel: Nada Normal.
            Ms. Marvel: Nada Normal reúne em um volume de 132 páginas as edições 1 a 5 de Ms. Marvel, publicadas originalmente em 2014, e uma história retirada de All-New Marvel Now! Point One 1. O encadernado foi publicado por aqui em capa dura e capa cartonada. O roteiro é de G. Willow Wilson e a arte é de Adrian Alphona. Essa dupla criou, junto com Sana Amanat, a nova Miss Marvel, Kamala Khan, a primeira personagem muçulmana a protagonizar um título na Marvel. Sua primeira aparição aconteceu nas histórias da Capitã Marvel do fim de 2013. Poucos meses depois Kamala ganhou um título pra chamar de seu.
           Caso você não esteja familiarizado, os poderes da nova Ms. Marvel não têm nada a ver com os poderes da Ms. Marvel original. Kamala tem o poder de alterar a forma e o tamanho do seu corpo, podendo modificar uma única parte ou o corpo inteiro, inclusive a sua aparência. Para quem lia ou assistia Naruto é só lembrar das habilidades de alteração de tamanho de Chouji, é bem parecido com aquilo.
Em Nada Normal somos apresentados a uma Kamala Khan ainda sem poderes. Uma adolescente muçulmana de família paquistanesa que possui um único desejo: ser normal. Inconformada com as limitações impostas pela religião e em um conflito constante com seus pais, Kamala experimenta todo o conflito de viver inserida numa sociedade que não compartilha da sua crença e nem dos seus costumes. Fã de super-heróis e totalmente inserida na cultura da internet, ela sonha com uma vida igual à dos amigos, com mais liberdade e muito menos obrigações religiosas. E é justamente esse desejo de normalidade que faz Kamala sair de casa escondida e sofrer com os efeitos de uma estranha névoa que acaba desenvolvendo seus poderes. E todo esse processo de descoberta, aprendizado e aceitação é o que faz a história brilhar.
            De fato, o que mais me surpreendeu é que, ao ler a história, a minha vontade era ver mais de Kamala e menos da Ms. Marvel. Sua interação com a família, com os amigos e como os super poderes interferem nessa relação. Inclusive eu estou muito curioso sobre como será o crescimento do personagem daqui pra frente, mais como pessoa do que como heroína.

            Ms. Marvel: Nada Normal faz jus a tudo que falam. Toda a atenção que a nova Ms. Marvel chamou não é por acaso. Uma personagem interessante, bem escrita e bem desenhada, o resultado não podia ser outro. Essa HQ é mais uma das provas que boas histórias de super-heróis ainda podem ser contadas. Uma prova de que os títulos de heróis de segundo (ou terceiro) escalão estão se tornando as verdadeiras joias das grandes editoras... Talvez eu devesse falar um pouco sobre representatividade étnica, sobre como o uniforme de Kamala é bem mais comportado do que o da maioria das heroínas de quadrinhos e coisas assim, mas acho que você já tem muitos motivos pra ler esse quadrinho.

Comentários

  1. Eita, como é bom ver a equipe junta! =D
    --
    Ótima resenha Filipe. Me deu vontade de ler os quadrinhos...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr