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Homem-Aranha: último desejo. Resenha da trama que mudou radicalmente o Aracnídeo.


Por: Franz Lima.  

Esta revista é a compilação da edição nº 700 de Amazing Spider-Man, a mais controversa e vendida revista de heróis do século XXI, além das edições de números 698 e 699 somadas a Avenging Spider-Man 15.1. Antecipo que esta resenha contém SPOILERS. Caso ainda não tenha lido a trama, siga por sua conta e risco.

A narrativa aborda uma das fases mais sombrias do Homem-Aranha, onde ele é enganada por um moribundo Doutor Octopus. O vilão usa de sua inteligência para criar um robô cuja única finalidade é transferir sua consciência para o corpo de Peter Parker. Ao contrário do que todos gostariam, o plano dele é bem sucedido, fato que inicia um sofrimento sem igual na vida de Peter.

Na prisão.

O início da trama acontece na Balsa, uma prisão de segurança máxima para supervilões. Lá, encontra-se o Doutor Octopus, cuja vida se esvai rapidamente. Diante de um diagnóstico de morte próxima, o Doutor - na verdade o corpo dele, pois é a mente de Parker que está lá - comanda mentalmente suas defesas, que incluem o acionamento de vilões como o Homem Hídrico, o Escorpião e o Ardiloso.
Eles obtêm sucesso. Porém o tempo não está a favor de Peter. Os órgãos do corpo no qual ele está preso estão falindo. A morte ocorrerá e ele não tem um único segundo a perder.

Contra  o tempo.

Contido em um corpo que não é o seu, Peter recorre a tudo em busca da retomada de seu corpo verdadeiro. Octobôs, vilões e até a invasão do QG dos Vingadores acontecem, mas aparentemente Octopus está sempre um passo a frente. O confronto entre os dois é inevitável e o resultado disso é supreendente.

Viva o que a vida tem a lhe oferecer.

Após o desfecho da trama, um novo Homem-Aranha surge. Ele é o resultado de um homem que ganhou um segunda chance com a consciência de um que partiu e deixou sua história armazenada. 
Otto é um vilão que se sensibilizou com a vida pregressa de seu inimigo. O legado do Aranha permanece no conhecimento das memórias de Peter Parker e na decisão controversa de Octopus de seguir um caminho justo no corpo de Parker. Entretanto, as cenas onde essa transição é definitivamente comprovada, o que ocorre com a morte de Peter Parker, acontece de um jeito que não me passou a credibilidade suficiente. 
Cenas com passagens do passado do Aranha onde a face dele é substituída pela de Otto são bem feitas, o que não implica em dizer que são convincentes. Afinal, o que leva um homem que viveu a vida inteira no crime a mudar tão bruscamente o caminho? Não que essa mudança seja algo impossível, porém nos quadrinhos ela ocorre de forma brusca.
De qualquer modo, um novo Aranha surge. Mais inteligente, ambicioso e dotado da malignidade intrínseca de um ser que sempre se valeu de seus recursos para fazer o mal. Será que ser o Homem-Aranha é o suficiente para matar o Octopus? Eu duvido...

Narrativas embutidas.

O encadernado está perfeito, mesmo que não tenha sketches ou os bastidores da trama, escrita por Dan Slott. Seria algo bem legal incluir essas nuances do projeto de criação da história. 
Na revista também há duas passagens extras. Uma é "Sonhos Aracnídeos". A outra é "Noite do Sofá". A primeira é bem interessante (escrita por J. M. DeMatteis) e aborda um futuro alternativo de Peter, já um senhor bem idoso, bisavô. Suas memórias estão cheias de falhas, com nomes trocados e situações que podem até não ter ocorrido, mas que mostram um passado glorioso. O bisneto de Peter vai, com o decorrer da narrativa, ganhando respeito pelo velho. 
O que começou como um papo enfadonho entre pessoas de gerações antagônicas se torna uma ode ao respeito pelos mais velhos. 
O que a história passa é uma lição sobre a importância e consideração à memória de nossos velhos. Enfim, uma obra que, mesmo curta, finaliza de forma magnífica. Só esta história já vale a aquisição do encadernado.
A segunda história extra tem desenhos cartunescos e um roteiro cheio de humor, porém sem muito a acrescentar às demais tramas. É só um extra, nada mais...

Nota final.

A história principal é polêmica e gerou ódio para os fãs mais exaltados. Os desenhos de Richard Elson e Herbert Ramos dão consistência à obra e embasam o roteiro de Dan Slott. Não é uma edição a ser desprezada, já que ela marca um ponto importantíssimo da mitologia do Aranha.
Como eu não acompanhava a saga do herói há tempos, fui pego de surpresa. A revista serviu como ponto de partida para a busca pelo que ocorreu a partir dela, algo que comprova a eficiência da trama. 
Goste ou não da reviravolta no universo do Homem-Aranha, ela ocorreu e estou contente de ter o conhecimento dos fatos que a geraram. 
Recomendo a leitura, principalmente se você não é um dos fãs que está preso a algo intocável. A mudança veio, fato que não impede - como de praxe nos quadrinhos da Marvel e DC - que seja revertida. Resta esperar...

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