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A mesmice nas capas dos livros nacionais: falta de criatividade ou relaxamento?

Por: Franz Lima

Caso você seja um frequentador de livrarias ou bibliotecas e tenha procurado um livro dentre os recentes lançamentos - entenda recente como algo em torno de três anos - provavelmente encontrou um problema que está cada vez mais comum: a similaridade entre as capas. Esse problema se amplia quando o comprador não sabe o que quer e tenta encontrar um título pela capa. Nesse momento, o ditado "não julgue um livro pela capa" fica ainda mais pertinente, até mesmo porque todas as capas parecem iguais.
Mas será que isso é um problema de simples falta de criatividade ou 'criar' uma capa parecida com a de um livro de sucesso é a fórmula para também vender bem?
Vamos ver alguns dos recentes exemplos de similaridade que beiram as cópias despudoradas.

Mulheres com vestidos:

Esta é uma fórmula recorrente em muitos livros. Uma série de sucesso que usa a fórmula mulher bonita + vestido luxuoso é da autora Lauren Kate. Seus livros têm capas praticamente idênticas e possuem vários livros com visual similar. 

O visual sombrio marca as capas da série Fallen

A editora Seguinte preferiu o visual "princesa" em todas as capas desta série

E seguem as capas que preferem ir "no embalo" a criar algo inteiramente novo:









Aqui tentaram variar, mas a fórmula é a mesma
Agora, vamos a outra capa que é mais comum que moeda de 1 real. 
Casais à beira do beijo ou se beijando.








A falta de criatividade do "fenômeno" 50 tons e seus similares:


Temas similares e capas quase idênticas. Nem os títulos se salvam.

Faces com expressões sombrias, mas nem tanto...








Bocas em profusão:





Também podemos constatar as cópias/plágios que evidenciam ainda mais a total ausência de criatividade: Capas irmãs

Mas há boas capas no mercado que precisaram de pesquisa e rigorosa seleção, além da escolha de bons designers/ilustradores:

Anjos da Morte mistura anjos e Segunda Grande Guerra perfeitamente


Fios de Prata ilustra o universo de Sandman com muita qualidade

Apesar da aparente simplicidade, O Demonologista tem um acabamento impecável
Às vezes, a simplicidade é o segredo de uma boa capa

Esta capa anuncia com maestria o que nos aguarda no livro
Outro ótimo exemplo de criatividade e bom visual

Ainda que a matéria possa parecer muito crítica, o fato é que não há mais a preocupação em preparar um material atraente para o novo leitor. Caso você seja um conhecedor da obra ou do autor, certamente irá chegar ao livro, porém isso não acontece com os novos leitores que desconhecem os livros em questão. Também é preciso lembrar que muitos livros deixam de ser lidos por conta de seu aspecto simplório ou, nos casos inicialmente criticados, por causa da similaridade entre as capas. Óbvio que não se deve julgar um livro pela capa (lógica já imortalizada pela cultura popular), mas é impossível não notar o descaso com os leitores que são bombardeados por obras de visual extremamente parecido e conteúdos quase idênticos.

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