Pular para o conteúdo principal

Feminista é ameaçada após criticar papel de mulheres em games

Texto: Kevin Rawlinson. Comentários: Franz Lima.

Mais de 2 mil pessoas assinaram uma carta aberta pedindo o fim da discriminação de gênero na indústria de videogames.
O documento, assinado por profissionais independentes e de grandes empresas de jogos, como Electronic Arts e Ubisoft, foi uma resposta às ameaças de morte feitas à crítica feminista Anita Sarkeesian depois que ela lançou uma série de vídeos sobre a misoginia (ódio às mulheres) nos jogos.
Sarkeesian denunciou as ameaças à polícia e diz que se viu forçada a deixar sua casa. Ela afirmou que as ameaças são "um tipo de terrorismo".
A carta pede para que jogadores e demais envolvidos na indústria dos videogames denunciem "discursos de ódio e assédio".

Tomada de posição

Anita Sarkeesian é a criadora do site Feminist Frequency, em que discute a representação das mulheres em narrativas da cultura pop.
No dia 25 de agosto, ela divulgou o episódio mais recente de sua série sobre a maneira como mulheres são retratadas em videogames.
No vídeo, ela fala sobre a tendência de mostrar "personagens femininos geralmente insignificantes e com os quais não se pode jogar, cuja sexualidade ou vitimização é explorada de modo a dar um tempero provocativo ou picante aos universos dos games".
Dois dias após a publicação do vídeo, ela disse ter recebido "ameaças muito assustadoras" a ela e a sua família no Twitter, que a levaram a entrar em contato com a polícia.
A carta, que foi escrita pelo desenvolvedor de games Andreas Zecher, do estúdio independente Spaces of Play, incentiva pessoas que testemunhem ameaças em sites como Twitch, Facebook e Twitter - entre outros - a denunciá-las.
"Se você vir discurso de ódio e assédio, tome uma posição publicamente contra isso e transforme a comunidade dos jogos em um espaço mais agradável", diz o documento.
"Acreditamos que todos, não importa o gênero, a orientação sexual, a etnia, a religião ou se são portadores de deficiência, tem o direito de jogar, de criticar os jogos e de desenvolver jogos sem ser assediado ou ameaçado. É a diversidade da nossa comunidade que permite que os jogos prosperem."

'Não vou desistir'

Em seu perfil de Twitter, Sarkeesian compartilha imagens dos insultos e ameaças que recebe. Algumas das imagens sugerem que o autor das ameaças sabe onde ela mora.
Ela disse que ficará hospedada com amigos porque não se sente segura em sua casa. "Eu não vou desistir, mas o assédio às mulheres no meio da tecnologia tem que acabar", escreveu.
Na rede social, ela também afirma que os policiais que a atenderam "não sabem lidar com ameaças reais feitas online". Oficiais teriam perguntado a ela: "Se você continua recebendo ameças por causa do seu trabalho, por que não para?".
A ativista já foi alvo de misoginia em outras ocasiões. Em 2012, um jogo em primeira pessoa chamado Espanque Anita Sarkeesian foi publicado online.
No início de 2014, ela ganhou o prêmio de embaixadora do evento anual Game Developers Choice. O prêmio é destinado a pessoas que "ajudaram a indústria de games a avançar e se tornar um lugar melhor, seja facilitando a melhora da comunidade de dentro ou atuando de fora da indústria como defensor dos videogames".


Franz diz: os extremistas gamers são tão perigosos quanto os alvos que eles caçam nos games. A posição feminista de Anita pode parecer preconceituosa para alguns, porém não há como discordar que a sensualização das personagens femininas nos games, propagandas, filmes e outras mídias está exagerada. Afinal, qual a lógica de uma mulher usando um sutiã e uma minúscula calcinha em uma selva, na Sibéria ou outra área onde isso é impossível? Será que elas tem os mesmos poderes das periguetes brasileiras que sobrevivem ao frio polar com suas peças ínfimas? 
Brincadeiras à parte, o fato é que Anita tem seus direitos, assim como os gamers que idolatram as personagens seminuas, mas isso não é motivo para assédio, ameaças ou ódio. 
Depois ficam se perguntando o porquê da dificuldade em acabar com o conflito entre palestinos e israelenses. Intransigência. Só isso.  


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr