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Três novos lançamentos literários marcam essa semana na Companhia das Letras.

O mesmo mar, de Amós Oz
Este romance introspectivo e poético acompanha o entrelaçamento de triângulos amorosos. O principal gira em torno de Albert Danon, um viúvo sexagenário. Seu filho, Rico, após a morte da mãe, parte para o Tibet em busca de paz interior. Durante sua ausência, a namorada, Dita, aproxima-se do sogro idoso em busca de proteção, mas a relação acaba assumindo caminhos inesperados. O mesmo mar supreende pelo alto grau de elaboração literária, pela profusão e riqueza de suas formas. O enredo se revela numa sequência de seções curtas, compostas às vezes no tom casual e ameno das conversas de todo dia, às vezes como parábola bíblica, fábula, sonho ou poema. O mundo em que vivem as personagens de Amós Oz é barulhento, mas o romance cria um intimismo que convida o leitor a se concentrar no que elas estão dizendo.

Reflexões ou sentenças e máximas morais, de François de La Rochefoucauld
Muitas das máximas de François VI, duque de La Rochefoucauld, se incorporaram ao imaginário coletivo, recitadas há gerações sem atribuição. Não é para menos: com ironia fina e profundo pessimismo, seus escritos revelam uma acachapante habilidade de descrever as fraquezas e rodeios morais a que todos estamos sujeitos. Importante moralista e pensador francês, membro da alta nobreza, envolvido nas intrigas da corte e personagem-chave da Fronda, a guerra civil que dividiu a França entre os anos de 1648 e 1653, La Rochefoucauld somou a experiência nos círculos aristocráticos, frívolos e mundanos, sedentos de poder e reconhecimento em que vivia à observação filósofica, ajudando a consolidar e popularizar as máximas como gênero literário.

Da minha terra à Terra, de Sebastião Salgado
Sebastião salgado é conhecido no mundo todo por suas fotos em preto e branco. Depois de retratar trabalhadores e refugiados com profunda dignidade, o fotógrafo voltou ao centro da cena fotográfica em 2013, com o “Projeto Gênesis” . Mas apesar de as imagens de Sebastião Salgado já terem dado a volta ao mundo, sua história pessoal, as origens políticas, éticas e existenciais de seu engajamento fotográfico permaneciam ignoradas. Em Da minha terra à Terra, é seu talento como narrador que supreende. A autenticidade de um homem que sabe como poucos combinar militância, profissionalismo, talento e generosidade.

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