Pular para o conteúdo principal

Piteco: Ingá. Resenha da Graphic Novel ilustrada por Shiko.

Por: Filipe Gomes Sena (colaborador Master do Apogeu)

            Todos que acompanham qualquer forma de entretenimento normalmente ficam de olho nas prévias ou teasers. Boa parte dos teasers serve só pra dar uma ideia de como a coisa está ficando ou só o jeitão da coisa, principalmente quando se trata de adaptações. Inclusive não é raro que aquilo mostrado no teaser não seja exatamente igual ao produto final. Estou dando essa volta enorme pra dizer que o tema do texto de hoje é justamente a edição que teve o teaser mais sensacional de todos quando foram anunciados os primeiros títulos da Graphic MSP. Estou falando de Piteco – Ingá do paraibano Shiko.
            Piteco – Ingá segue o padrão dos outros volumes do selo Graphic MSP. Pouco mais de 80 páginas com versões com capa dura ou cartonada, lembrando que independente da versão o papel do miolo é o mesmo. Como das outras vezes adquiri minha edição em capa cartonada por R$19,90.
           
A história e os desenhos são assinados por Shiko, que é grafiteiro, artista plástico, ilustrador quadrinista e cineasta. Ele teve uma sacada genial ao introduzir na história a Pedra de Ingá, que de fato existe. A pedra fica no agreste da Paraíba e é repleta de inscrições rupestres de significado praticamente desconhecido. Gancho perfeito para uma história na pré-história.
            A trama começa quando Thuga, par romântico do nosso protagonista, através das inscrições na Pedra de Ingá, profetiza a migração do povo da sua vila devido à seca. Mas na noite anterior ao inicio da jornada ela é raptada pelos homens-tigre, e cabe a Piteco, ajudado por seu companheiro Beleléu, resgatá-la.
            A história é bem simples, mas muito bem contada, os diálogos são bons e os personagens caracterizados de uma forma bem interessante. Os cenários por onde Piteco se aventura são bem detalhados e até diversificados. Áreas secas, florestas densas, rios, charcos e planícies, todas muito bem retratadas. Além disso, temos as criaturas pré-históricas que não poderiam ficar de fora. Mas o que difere esta história das demais publicadas pelo selo até agora é justamente a ação. Ingá tem muito mais ação do que os outros títulos, justamente pelo fato de Piteco e seus amigos precisarem lutar contra outros homens da caverna, entidades sobrenaturais e outros perigos. Tudo bem dosado, nem muito rápido nem muito demorado.
           

Em relação ao universo original de Piteco vemos que o autor desenvolveu uma parte mística muito forte dentro da história. O fato de Thuga ser uma espécie de xamã e a forma como ela utiliza seus encantamentos é bem interessante. Outra coisa que me chamou atenção foi como ficou evidente a diferença entre as habilidades dos personagens. Piteco desde o inicio é retratado como caçador, apesar de ter suas habilidades em combate superadas por Ogra, uma das principais guerreiras do povo de Lem, é um caçador incomparável. Da mesma forma que Beleléu é retratado como um homem engenhoso e cheio de recursos, apesar de utilizar apenas alguns deles ao longo da história. Além dos homens e animais dos tempos das cavernas encontramos com entidades que fazem referencia direta à lendas do nosso folclore.


            
Tudo isso que eu falei é retratado com uma arte excelente. Traços bem realistas e tudo colorido com aquarela, o resultado ficou fantástico. O design de tudo ficou muito bom. Desde as roupas dos personagens e suas armas até os animais e as entidades místicas.
            Por fim devo dizer que Piteco – Ingá é uma história imperdível. Ação, bom roteiro e uma arte ótima. Apesar de se tratar de uma história de um homem que vai resgatar sua amada, romance esse que é muito discreto, ela brilha por causa de todo o universo onde ela se passa. E no fim de tudo ainda temos algumas páginas de material extra para o deleite de todos.
            Depois dessa é só esperar as próximas publicações. Já foram anunciados os títulos que serão lançados neste ano. Entre eles temos novas histórias da Turma da Mônica, mais uma vez escrita e desenhada pelos irmãos Cafaggi, e também a volta de Danilo Beyruth com a sua versão do Astronauta. Que a espera seja curta.
             

             

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr