Pular para o conteúdo principal

Thor: o renascer dos deuses. Resenha da graphic novel indispensável aos fãs do asgardiano.

Por: Franz Lima.
Caution: spoilers, ainda que leves!

Tenho que confessar: fiquei muito tempo sem acompanhar as edições regulares de alguns títulos da Marvel e da DC. Mas esperava recuperar parcialmente esse tempo com as edições das graphic novels que a Salvat continua lançando.

São muitas novidades, ainda que tardias. Thor, o renascer dos deuses, é uma dessas gratas surpresas que já estão enraizadas na mitologia do herói e que, infelizmente, eu desconhecia.


A trama é simples, porém ganhou ares de algo muito maior por causa das belas ilustrações de Olivier Coipel e do roteiro bem elaborado de J. Michael Straczynski. O renascer dos deuses é um título que dispensa maiores comentários, pois é basicamente isso: os deuses que foram destruídos pelo Ragnarok podem ser trazidos novamente à vida. A explicação para esse “ressuscitar” é convincente e teve uma abordagem diferenciada, poética. 

O primeiro desses deuses a retornar não poderia ser outro além de Thor. Entretanto, a participação do doutor Blake nesse retorno é imprescindível, o que gerou uma maior importância do personagem, antes relegado ao segundo plano. 

E ele disse: volte à vida. E Thor voltou a caminhar entre os mortais...

O retorno de Donald Blake e seu alter ego está muito interessante e bem abordado. Blake e Thor são faces de uma mesma moeda e é essa humanidade que tornou um deus em algo mais cativante para o leitor. Os dramas vividos por ambos convencem, principalmente por conta da solidão do deus asgardiano entre nós, mortais. É por esse motivo que Thor começa sua busca pelos outros deuses adormecidos, após reconstruir de forma gloriosa Asgard, agora literalmente em terreno americano.

É nesse ponto que Straczynski obteve sua melhor ideia: a busca pelo mundo dos deuses que estão escondidos entre humanos, porém sem ciência de tal divindade. A procura por eles nos leva à África ainda à mercê de milicianos e a miséria quase total. Também nos deparamos com uma Nova Orleans pós-Katrina, desolada e esquecida, repleta de pessoas que lutam pela sobrevivência em meio ao caos. Cada um dos deuses revividos é uma surpresa. 

Durante os intervalos para essas buscas, Thor continua vivendo em Asgard, agora localizada num território do interior dos EUA. Esses intervalos garantem boas doses de humor, sem deixar que isso interfira no clima pesado de solidão do deus do trovão. Outro ponto forte abordado nessa graphic é o reencontro de Thor e o Homem de Ferro. Para situar, essa história se passa após a saga Guerra Civil, onde o asgardiano foi traído por Stark. Quando os dois se confrontam novamente, Thor mostra a verdadeira extensão de seus poderes, sem se poupar.


Não cabe aos deuses decidir se o Homem existe ou não... cabe ao Homem decidir se os deuses existem ou não.
 
Os traços de Olivier são bons demais, porém deram um tom mais rústico para o deus do trovão, contrariando a atual tendência de caracterizá-lo como um modelo. Na minha opinião, esse visual mais bruto, quase Cimeriano, proporcionou maior seriedade ao personagem. Quanto à história em si, não concluída nesta graphic novel, muitas surpresas surgem por conta da imaginação de Straczynski, o que garantiu um fôlego extra ao personagem e seu universo fascinante.

Enfim, Thor: o renascer dos deuses, é uma obra indispensável para quem já curtia as histórias do deus do trovão, e ainda recomendada para quem está começando a conhecer um pouco mais do personagem que voltou à mídia com os dois filmes solo e o longa-metragem 'Vingadores'. A trama tem coerência, está consistente e tem boas passagens que garantirão ao leitor muito mais que mero entretenimento. 



Comentários

  1. Eu realmente gosto da história desse personagem, o filme era bom, mas não atender às expectativas. Uma das grandes atrações de "Thor" é uma fita que foi recuar mais do que o esperado do padrão habitual de produções da Marvel, mas ser diferente não significa ser melhor. Isso não quer dizer que considera que "Thor" é um filme ruim, mas uma bonita descompensada e abaixo do resto das produções da Marvel. Honestamente, eu decidi ver porque eu sou um fã de filmes de Chris Hemsworth, mas no geral eu acho que o filme tem mostrado que as coisas poderia ser feito melhor, tanto em termos artísticos e natureza da palomitero grande passatempo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr