Por: Franz Lima.
Esta seria uma simples história de possessão e fantasmas... não fosse a abordagem muito inteligente dos diretores da animação. Paranorman é, basicamente, a história de um garoto que vê - literalmente - os mortos. Ele convive com sua avó (falecida) e seus parentes. Norman é um menino normal em essência, mas isolado por conta de seu dom e do jeito 'estranho'. Como todo ser diferente, ele recebe um tratamento diferenciado, principalmente dos amigos da escola e da irmã. O pai de Norman é um estereótipo do pai descuidado que, apesar de amar o filho, quer evitar a todo custo que as esquisitices do garoto reflitam em sua própria vida. No meio de todos esses preconceitos, medos e isolamento, não resta ao pequeno Norman nada que não seja seu próprio mundo.
O mundo do menino é muito parecido com o de outro garoto: Cole Sear, interpretado por Haley Joel Osment no filme 'O Sexto Sentido'. Ambos são estranhos diante da recusa e da incredulidade das outras pessoas. Ambos são abençoados por um dom que muitos considerariam uma maldição.
Eu vejo pessoas mortas...
O que seria uma condenação irreversível é uma rotina para o jovem Norman. Ele aprendeu a conviver com os mortos e as sequelas originadas por esse dom. Antes de mais nada, o filme comprova/reforça que são o preconceito e a raiva os responsáveis pela perda de qualidade de vida de muitas pessoas. Norman sofre diariamente com os olhares reprovadores e as perseguições, geradas somente por ser diferente. Diante do distanciamento e da incompreensão de seus pares, resta-lhe o isolamento quase absoluto, inclusive em sua própria família.
O que choca um pouco na animação é que Norman não se assusta ao ver os mortos, mas quando se encontra com os vivos e tudo de ruim que eles podem representar, é aí que o terror se instala.
Um filme com propósito ou apenas diversão?
Essa é uma questão fácil de responder: o longa de animação abrange o entretenimento e o alerta. Ele entretém com muita facilidade e é bem divertido. Mas sua principal função é o de alertar sobre os malefícios do descaso familiar e do bullying. Mais do que uma obra sobre o sobrenatural, Paranorman mostra que nossos maiores temores vem do preconceito, do racismo, do descaso familiar e do desconhecimento. São os medos que levam muitos a machucar, fato que não justifica um ato tão sem sentido, principalmente contra os mais fracos.
Personagens secundários.
Torna-se evidente, inclusive por causa do título, que o astro da produção é Norman, concordam? Claro, dificilmente uma animação iria se sustentar com um único elemento. Assim, surgem os 'coadjuvantes' que irão embasar a trama e dar traços dramáticos, cômicos ou mesmo aterrorizantes.
A família de Norman não o vê em sua plenitude. O pai o tem por um menino problemático, diferente e recluso. Sua mãe enxerga uma fragilidade excessiva nele, mas há apatia em algumas partes da narrativa que a mostram relapsa. A irmã, por sua vez, é a típica (e estereotipada) Patricinha: frívola, independente e absolutamente despreocupada com o irmão estranho. Resumindo, eles parecem "obrigados" a conviver com o menino, o que demonstra uma severa crítica às famílias que agem de modo igual.
Há um garoto amigo de Norman, quase tão nerd quanto ele e também muito perseguido, principalmente por ser obeso. Sua função é a de ser um contraponto cômico para o protagonista.
Os demais personagens, excetuando-se a responsável pela invasão de zumbis e o rapaz forte e burro, passam de forma sóbria pelo longa, servindo apenas de complemento. Na verdade, os zumbis são um outro destaque.
História já contada?
Sim, Paranorman não é uma trama inédita. Há traços de A Noite dos Mortos Vivos, Poltergeist, Sexto Sentido, Exorcista, A Festa do Monstro Maluco e até de Os Espíritos. Tais 'citações', entretanto, não tiram o brilho da obra que, no cômputo geral, é um longa de animação muito bem elaborado e que tem em seus minutos finais uma das mais emocionantes, tensas e dramáticas passagens dos longa-metragens de animação. Previsível até certo ponto, porém emocionante.
Stop-motion
A animação usa a técnica de stop-motion para dar vidas aos personagens e cenários, tal como foi feito no clássico A Festa do Monstro Maluco, já resenhado no Apogeu. Obviamente, os anos que separam uma produção da outra são fundamentais para que o resultado visual de Paranorman seja bem superior ao de seu antecessor.
Enfim...
Mesmo com alguns pontos contrários, Paranorman é um filme que recomendo. Aviso que, mesmo com toda a modernidade e independência das crianças, a obra não é recomendada para as muito pequenas, principalmente por ter algumas passagens pesadas para tal público e pela suscetibilidade delas a tais sugestões.
Vejam abaixo alguns pôsteres feitos por fãs. Até breve...
O mundo do menino é muito parecido com o de outro garoto: Cole Sear, interpretado por Haley Joel Osment no filme 'O Sexto Sentido'. Ambos são estranhos diante da recusa e da incredulidade das outras pessoas. Ambos são abençoados por um dom que muitos considerariam uma maldição.
Eu vejo pessoas mortas...
O que seria uma condenação irreversível é uma rotina para o jovem Norman. Ele aprendeu a conviver com os mortos e as sequelas originadas por esse dom. Antes de mais nada, o filme comprova/reforça que são o preconceito e a raiva os responsáveis pela perda de qualidade de vida de muitas pessoas. Norman sofre diariamente com os olhares reprovadores e as perseguições, geradas somente por ser diferente. Diante do distanciamento e da incompreensão de seus pares, resta-lhe o isolamento quase absoluto, inclusive em sua própria família.
O que choca um pouco na animação é que Norman não se assusta ao ver os mortos, mas quando se encontra com os vivos e tudo de ruim que eles podem representar, é aí que o terror se instala.
Um filme com propósito ou apenas diversão?
Essa é uma questão fácil de responder: o longa de animação abrange o entretenimento e o alerta. Ele entretém com muita facilidade e é bem divertido. Mas sua principal função é o de alertar sobre os malefícios do descaso familiar e do bullying. Mais do que uma obra sobre o sobrenatural, Paranorman mostra que nossos maiores temores vem do preconceito, do racismo, do descaso familiar e do desconhecimento. São os medos que levam muitos a machucar, fato que não justifica um ato tão sem sentido, principalmente contra os mais fracos.
Personagens secundários.
Torna-se evidente, inclusive por causa do título, que o astro da produção é Norman, concordam? Claro, dificilmente uma animação iria se sustentar com um único elemento. Assim, surgem os 'coadjuvantes' que irão embasar a trama e dar traços dramáticos, cômicos ou mesmo aterrorizantes.
A família de Norman não o vê em sua plenitude. O pai o tem por um menino problemático, diferente e recluso. Sua mãe enxerga uma fragilidade excessiva nele, mas há apatia em algumas partes da narrativa que a mostram relapsa. A irmã, por sua vez, é a típica (e estereotipada) Patricinha: frívola, independente e absolutamente despreocupada com o irmão estranho. Resumindo, eles parecem "obrigados" a conviver com o menino, o que demonstra uma severa crítica às famílias que agem de modo igual.
Há um garoto amigo de Norman, quase tão nerd quanto ele e também muito perseguido, principalmente por ser obeso. Sua função é a de ser um contraponto cômico para o protagonista.
Os demais personagens, excetuando-se a responsável pela invasão de zumbis e o rapaz forte e burro, passam de forma sóbria pelo longa, servindo apenas de complemento. Na verdade, os zumbis são um outro destaque.
História já contada?
Sim, Paranorman não é uma trama inédita. Há traços de A Noite dos Mortos Vivos, Poltergeist, Sexto Sentido, Exorcista, A Festa do Monstro Maluco e até de Os Espíritos. Tais 'citações', entretanto, não tiram o brilho da obra que, no cômputo geral, é um longa de animação muito bem elaborado e que tem em seus minutos finais uma das mais emocionantes, tensas e dramáticas passagens dos longa-metragens de animação. Previsível até certo ponto, porém emocionante.
Stop-motion
A animação usa a técnica de stop-motion para dar vidas aos personagens e cenários, tal como foi feito no clássico A Festa do Monstro Maluco, já resenhado no Apogeu. Obviamente, os anos que separam uma produção da outra são fundamentais para que o resultado visual de Paranorman seja bem superior ao de seu antecessor.
Enfim...
Mesmo com alguns pontos contrários, Paranorman é um filme que recomendo. Aviso que, mesmo com toda a modernidade e independência das crianças, a obra não é recomendada para as muito pequenas, principalmente por ter algumas passagens pesadas para tal público e pela suscetibilidade delas a tais sugestões.
Vejam abaixo alguns pôsteres feitos por fãs. Até breve...
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